Curso de Especialização em Educação Infantil – Seminário de Abertura
27/01/2011.
Com a palavra, mais uma vez!...
Estamos principiando uma história, a história do Curso de Especialização em Educação Infantil , em parceria com o MEC/SEB e a Universidade Federal da Bahia/FACED/GELING, nos municípios de Salvador, Camaçari, Feira de Santana, Serrinha, Itaberaba e Senhor do Bonfim. Principiando essa história, estamos inaugurando um movimento de sentidos, que se constroem no encontro e no confronto, na consonância e na dissonância entre as vozes que se manifestam em ato dialógico de memória. E é com palavras, muitas palavras, que pretendemos povoar nosso universo de sentidos, tal como lemos na poética atravessada de Cecília: com palavras o ser se abre, se desvela à realidade do existir.
“Ai palavras, ai palavras,
que estranha potência a vossa!
Todo sentido da vida
principia à vossa porta”.[1]
que estranha potência a vossa!
Todo sentido da vida
principia à vossa porta”.[1]
Dialogia é uma expressão cara para os aprendentes do mestre Bakhtin - filósofo da linguagem das terras da antiga União Soviética. A dialogia implica sempre polifonia (multiplicidade de vozes) e polissemia (multiplicidade de sentidos), que se encontram, confrontam-se e orquestram-se em cada sujeito.
O sujeito, então, aparece como confluência das vozes diversas que o constituem, vozes reestruturadas em um dizer próprio: “O sujeito é o ‘lugar único de articulação dessas vozes” (SMOLKA)[2]. No rearranjo dos sentidos, cada um instaura a autoria de sua palavra e instala um lugar para a subjetividade e singularidade, em meio à pluralidade de vozes interiorizadas e de vozes circundantes.
Essa singela introdução tem uma intenção definida: afirmar, com as palavras possíveis, que o espaço/tempo que ora se inaugura é de envolvimento, de recusa do pensamento dogmático, de partilha de sentidos em palavras inscritas em nossa experiência de humanas criaturas, cuidadosamente recolhidas por cada um que compõe o coletivo do Curso de Especialização em Educação Infantil.
Era uma vez, que se compreende era uma vez, é sempre coletivo, minha gente! E mais: tem mil e uma noites (ou mais).
Nosso desejo, então, é tornar nosso Curso e seus desdobramentos em narrativas que se processem intersubjetivamente e interdiscursivamente, num desenvolvimento harmônico ou não, mais conflituoso ou menos conflituoso, que na linguagem das crianças, traduzida por Frajola e Mariola, quer significar: ABRA A RODA, TIN DÔ LÊ LÊ , ABRA A RODA, TIN DÔ LÁ LÁ...
Pegue uma palavra ali, pegue uma palavra acolá,
venha pra essa roda, no BLOG tagarelar
Pegue uma palavra ali, pegue uma palavra acolá,
venha pra essa roda, e vamos tagarelar.
[1] MEIRELES, Cecília. Romance LIII ou Das palavras aéreas. In Romanceiro da Inconfidência. Rio de Janeiro, Editora Nova Aguilar S.A., 1994, p.575.
[2] Smolka, A.L.B, Góes, M.C.R, Pino, A. A constituição do sujeito: uma questão recorrente? In: Wertsch, J, Del Rio, P., Alvarez, A. Estudos socioculturais da mente. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. p.157
